Sobre crianças e professores – Aderson Flores – Procurador-Geral do Ministério Público de Contas de Santa Catarina
Minha filha de dois anos e cinco meses gosta de se vestir de bailarina, de mágico e de Branca de Neve, além de gostar de brincar fingindo ser uma aranha ou uma abelha. Gosto de pensar que a fantasia, em determinada fase da infância, estimula a imaginação e a criatividade.
Esse comportamento, nessa idade, é incentivado pelas professoras de minha filha. Como eu, elas devem ter noção do que representa a brincadeira para a criança.
Em minha infância, em um colégio cuja educação estava ligada a uma congregação religiosa, tive oportunidade de participar de uma equipe de handebol, o que de alguma forma ajudou a formar meu senso de equipe e a entender a importância do time e da estratégia nas vitórias, e também nas eventuais derrotas.
Isso se deve, com exatidão, aos professores de educação física de então, também treinadores do time, que não estavam ali apenas por seus salários, mas tinham ideia da educação que estavam prestando e, mais que isso, se divertiam com o que estavam fazendo.
Outra lembrança boa que tenho é das aulas de português, que criaram em mim uma pretensa afinidade com a matéria. Claro que isso se deve ao professor que tive, sério, determinado e com domínio de seu ofício, a quem meus possíveis erros futuros não podem ser atribuídos.
O certo é que, ainda que aquelas experiências pedagógicas da infância não tenham sido oriundas de ilhas de excelência, foram marcantes para mim a ponto de contribuírem para o ser humano e profissional que me tornei.
Se pensarmos na relação entre o presente de nossas escolas e os adultos que se tornarão nossas crianças, não podemos deixar de, primeiro, cobrar e fiscalizar uma postura de Estado voltada à consecução de uma educação de boa qualidade.
E, nesse contexto, primordialmente, valorizar o trabalho do professor, zelando para que tenha um ambiente de trabalho (escola) com boas condições materiais, bem como que tenha estrutura voltada para resultados efetivos. Como exemplo, há que se zelar por uma adequada relação/proporção entre o numero de alunos e o de professores em sala de aula.
Talvez, fora do discurso constante acerca da importância da educação para a construção de um país, falte um olhar voltado para o que acontece dentro das escolas, mormente as públicas, por abarcarem o maior contingente de crianças/pessoas se construindo.
Como instrumentos de controle da Administração Pública, devemos voltar os olhos para a escola, para os professores, para a educação das crianças/futuros adultos, pois experiências gratificantes na infância permitem ações construtivas na vida adulta.