Conciliar excelência na atividade profissional e vida pessoal é um desafio diário, diz presidente do CNPGC
Em 8 de março, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, data que recorda conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. A fim de homenagear suas procuradoras-gerais, o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Contas (CNPGC) abre uma série de entrevistas, a partir de hoje, para tratar deste tema. Atualmente, há cinco mulheres ocupantes dos cargos de procuradoras-gerais de Contas no país: duas na região Norte (no MP de Contas do Amapá e no MP de Contas dos Municípios do Pará); duas na região Nordeste (no MP de Contas dos Municípios do Ceará e no MP de Contas da Paraíba); e uma na região Centro-Oeste (no MP de Contas do Distrito Federal).
A estreia desta série é a com a presidente do CNPGC, Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira – primeira mulher a assumir este cargo desde a criação do Conselho. Confira.
Qual a função de um procurador-geral de Contas?
Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira: O procurador-geral de Contas chefia a instituição do Ministério Público de Contas no seu Estado, representando-a e praticando atos administrativos, que conduzem a atividade exercida nesses órgãos. Além disso, o procurador-geral de Contas participa de sessões plenárias e de julgamento, profere pareceres, oferta recursos e representações, enfim, pratica, também, atos processuais, como os demais procuradores. Essa divisão de atribuições, todavia, depende do que dispõem os atos internos de cada MP de Contas.
Dos 32 procuradores-gerais de Contas no país, apenas cinco são mulheres. Como é fazer parte desse grupo?
CFOP: O MP de Contas é uma carreira fascinante, onde impera o direito constitucional, administrativo e financeiro, podendo o profissional dele extrair os melhores resultados para a sociedade. No entanto, é uma carreira com pouca quantidade de membros. No Amapá, por exemplo, há apenas dois cargos de procurador, ocupados por duas mulheres. O incremento das atribuições e, cada vez mais, o aumento da complexidade das missões a que somos expostos diariamente, são fatores que influenciam bastante o nosso dia a dia. E, como mulheres, somos mais detalhistas, preocupadas e com aquela tendência a multitarefas, o que nos torna presas ainda mais fáceis do estresse. Conciliar excelência na atividade profissional e vida pessoal é um desafio diário.
Como foi sua trajetória no MP de Contas?
CFOP: Creio ter acertado nas escolhas que fiz ainda jovem, quando, por exemplo, decidir fazer Direito após completar 16 anos, ao entrar na UnB, em Brasília, ou, quando, aos 22 anos, assumi, por concurso público, o cargo de procuradora do MP de Contas do DF. De lá para cá, já chefiei a instituição outras vezes. Atualmente, acumulo o cargo com a chefia do CNPGC, desde 2015, quando pude contar com a confiança dos meus colegas que me elegeram e, também, me reconduziram, o que para mim é motivo de muita honra e aprendizado. Nessa trajetória, são muitas as alegrias, mas, também, as frustrações, principalmente, quando nos deparamos com o mau uso dos recursos públicos, a corrupção, a falta de serviços essenciais que maltrata a população que mais necessita. Nesses momentos, procuro olhar para dentro de mim e verificar se fiz, não apenas tudo o que deveria, mas o que poderia fazer. Após essa autoanálise, sinto mais força para seguir em frente, com a mesma esperança do primeiro dia em que assumi o cargo e com a mesma indignação, que me faz reagir diante de absurdos que ocorrem em nossas cidades e em nosso país.
Qual a mensagem que gostaria de deixar neste 8 de março?
CFOP: Eu tenho muito orgulho das minhas colegas Amélia, Elizabeth, Leylianne e Sheyla e, para homenageá-las me vêm à mente as palavras de outra mulher incrível, Cora Coralina: “amar a vida e não desistir da luta; recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos; acreditar nos valores humanos e ser otimista”. [Enfim], “aquela mulher que fez [faz] a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Feliz Dia Internacional da Mulher a todas as minhas colegas procuradoras-gerais de Contas e demais procuradoras do MP de Contas, votos que estendo a todas as demais mulheres brasileiras, em especial, ainda, aquelas, que, de alguma forma, participam do dia a dia da nossa instituição.