Ainda temos muito a caminhar e conquistar em prol dos direitos das mulheres, aponta PGCM/CE
A procuradora-geral do Ministério Público de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (MPCM/CE), Leilyanne Brandão Feitosa, é membro da instituição há 22 anos. Decidiu pela carreira por sempre gostar de trabalhar com o coletivo e em prol da sociedade.
Encerrando a série de entrevistas ao site do CNPGC pelo Dia Internacional da Mulher, ela fala sobre como enfrenta os desafios diários e, também, sobre inspiração. Segundo ela, quando mulheres ocupam cargos importantes, acabam servindo de inspiração a outras mulheres. Confira.
Quais os maiores desafios e obstáculos para uma mulher ser procuradora-geral de Contas?
Leilyanne Brandão Feitosa – Entendo que o maior desafio de ser chefe, como procuradora-geral, sendo mulher, está no fato de que a maior quantidade das pessoas com as quais trabalhamos continua sendo composta por homens. E, muitas vezes, para você chefiar homens é algo que realmente requer uma dupla responsabilidade. Primeiro, porque você tem que ser tão ou mais competente que eles, para mostrar que essa competência lhe dá uma credibilidade, fazendo com que eles passem a lhe respeitar como pessoa e como profissional. Segundo, porque você tem que ter também um jogo de cintura necessário, para que haja um convívio harmônico e que não ocorra falta de possibilidade de interação entre chefes e chefiados. Então, o desafio é você se posicionar da melhor forma possível para atender os interesses da procuradoria-geral.
Quais as principais conquistas das mulheres ao longo dos anos?
LBF – No que diz respeito às mulheres, percebo que elas vêm conquistando o seu espaço na sociedade paulatinamente. Acredito, também, que a principal conquista é, justamente, a valorização enquanto profissional. Nós realmente mostramos o nosso talento, nossa capacidade, nosso valor e agora há um reconhecimento maior por parte de todas as pessoas, inclusive, das próprias mulheres, que sempre estiveram ali, trabalhando de igual para igual com os homens e sempre foram vítimas dos preconceitos de nossa sociedade, que ainda é bastante machista e patriarcal. Nesta toada, tenho que a maior conquista das mulheres da atualidade reside no fato de terem galgado seu lugar ao sol, tendo direito a receber, por méritos próprios, o respeito que lhes é devido.
Qual a importância de mais mulheres ocuparem cargos de chefia numa sociedade historicamente machista?
LBF – A importância é justamente para tentar minimizar essa igualdade que existe entre homens e mulheres. É obvio que se as mulheres ocupam um cargo de chefia, demonstram sua capacidade e conseguem fazer uma interação adequada. Isso faz com que realmente haja uma mudança cultural em nossa sociedade. Então é muito importante que isso aconteça, as coisas vão ficar mais equilibradas e a sociedade passa a ser então, menos machista e, consequentemente, mais equilibrada e igualitária. Quando uma mulher ocupa um cargo importante ela acaba inspirando todas as mulheres ou, pelo menos, um grande número delas, a quererem, também, ocupar esse mesmo cargo ou, pelo menos, cargos semelhantes.
De que forma sua atuação à frente do MPC/CE pode inspirar outras mulheres a seguir esta carreira?
LBF – Neste sentido, nossa atuação é inspiradora e transformadora, a partir do momento em que move a sociedade feminina contemporânea a entender que pode, sim, mesmo com todas as nossas responsabilidades, que são dobradas (pois sabemos que a mulher ainda cumpre jornada dupla, a do trabalho regular e a de casa), ocupar quaisquer postos no mercado de trabalho. Mesmo com todas as conquistas auferidas pelas mulheres modernas no campo da igualdade de direitos, o reconhecimento que lhes é devido ainda é deveras insatisfatório, o que revela que ainda temos muito a caminhar e conquistar em prol de nossos direitos.